Confesso que sempre tenho um pouco de preguiça de feministas que não estão dispostas a sair dos pequenos guetos feministas para discutir com os homens, traze-los para perto, tê-los como nossos aliados. Apesar de defender a ferro e a fogo nosso lugar de fala e autorepresentação, sou dessas que acham que homens podem se reivindicar feministas. Desde que respeitem nossa autodeterminação. Este tema sempre foi polêmico no feminismo: em que medida eles podem ou não podem participar. Acho que isso tem que ser negociado com o grupo, de acordo com as pautas e as relações de confiança implicadas.
Mas por que será que algumas mulheres vilificam o sexo masculino? Existem várias abordagens de feminismo, e poucas condizem com um feminismo caricato de mulheres raivosas que odeiam os homens. Mas todas as feministas que eu conheci que de alguma forma vilificam os homens são mulheres que sofreram abuso, violência sexista. São sintomas de traumas que as fizeram tomar a parte pelo todo: como as agressões que elas sofreram vieram de homens, elas identificam o sexo masculino como agressor em potencial. Não gosto de generalizar, mas entendo, respeito e me empatizo com a dor. Porque já sofri violência, e 99% delas foram de homens (1% não, mas a exceção acaba reforçando a regra).
Cada vez mais mulheres não estão mais dispostas a se calar frente ao machismo que até pouquíssimo tempo atrás, era naturalizado, tratado como traço imutável da nossa cultura. Impreterivelmente algumas podem até te lembrar aquela caricatura que vilifica as feministas desde o surgimento da caricatura na imprensa, mas cuidado pra não cair na mesma armadilha: tomar a parte pelo todo, ou achar que traços masculinos numa feminista confirmam todo um corredor semântico de estereótipos ridículos atribuídos às feministas.
I'm a Social Scientist from Brazil. I'm I am currently undertaking my PhD in a program between Cinema & Gender Studies at University of Sussex (U.K.). I recently spent a year of my research at U.C. Berkeley advised by Prof. Trinh Minh-ha. My research is a nomadic and/or (or and/and) diasporic analytical approach to Trinh's films. Ever since my early undergraduate work, my politics, my aesthetics and my poetics involve Feminism, Intersectionalities, Queer, and Postcolonial matters. Alterity and Displacement are key ingredients in the alchemy of both my body of work and my body at work. I have been an activist for about a decade now, and I'm slowly beginning to trace my cartography of affects, inspired by passions, dreams and a tropical breeze that inhabits me.
Sou uma socióloga brasileira. Por enquanto sou doutoranda em um programa interdisciplinar entre Cinema & Estudos de Gênero na Universidade de Sussex (Reino Unido). Passei um ano pesquisando na Universidade da Califórnia em Berkeley sob a orientação da Prof. Trinh Minh-ha. Minha pesquisa é uma análise com uma abordagem nomádica e/ou (ou e/e) diaspórica dos filmes da Trinh. Desde a graduação, minha política, minha estética e minha poética lançam luz sobre Feminismo, Interseccionalidades, Queer, e questões Pós-Coloniais. Alteridade e Deslocamento são ingredientes chave na alquimia que envolve o corpo do meu trabalho e meu corpo como processo. Faz quase uma década que milito nos movimentos sociais, e devagarinho eu traço a cartografia dos meus afetos, movida por paixões, sonhos e uma brisa tropical que me habita.
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